Alberto Magno, O.P.
(em latim: Albertus Magnus)
Conhecido também como Alberto, o Grande, e Alberto de Colônia, é um filósofo, escritor, astrólogo e teólogo católico
venerado como santo.
Era um frade dominicano alemão e bispo. Ainda em vida era conhecido como doctor universalis e doctor expertus e, já idoso, ganhou o epíteto "Magnus" ("o Grande").
Estudiosos como James A. Weisheipl e Joachim R. Söder defendem que Alberto foi o maior filósofo e teólogo alemão da Idade Média.
Filosofia natural
De animalibus
O conhecimento de Alberto sobre a filosofia natural (a "ciência") era considerável e, para a época, notavelmente acurado. Sua diligência em aprender todos os campos era enorme e, apesar de haver diversas lacunas em seu sistema científico, característico da filosofia escolástica, seu profundo estudo de Aristóteles deu-lhe um poderoso pensamento sistemático e grande habilidade explicativa.
Uma exemplo desta tendência geral foi seu tratado em latim "De Falconibus" (posteriormente incorporado numa obra maior, "De Animalibus", compondo o capítulo 40 do livro 23), na qual ele demonstra um impressionante conhecimento das diferenças entre as aves de rapina e os demais pássaros; a diferença entre os tipos de falcões; a preparação para a caça; a técnicas de cura de falcões doentes e feridos.
Em "De Mineralibus", Alberto afirma que:
"O objetivo da filosofia natural [ciência] é não apenas aceitar as afirmações de outros, mas investigar as causas que estão em ação na natureza".
O aristotelismo influenciou profundamente a visão de Alberto sobre a natureza e a filosofia.
Seu legado acadêmico justifica o apelido honorífico que ganhou de seus contemporâneos, Doctor Universalis. Alberto também foi responsável por demonstrar que a Igreja Católica não é totalmente contra o estudo da natureza e a ciência.
Apesar de sua ênfase na experimentação e na investigação, Alberto respeitava a autoridade e a tradição a ponto de não publicar muitos de seus trabalhos na área. Ele muitas vezes se silenciava sobre diversos temas da astronomia e da física por acreditar que estas teorias eram muito avançadas para sua época.
Matéria e a forma
Alberto acreditava que as coisas naturais eram um composto de matéria e forma que ele chamava de "quod est and quo est", uma tese aristotélica conhecida como hilemorfismo. Sua versão era basicamente a de Aristóteles, mas com alguns elementos emprestados de Avicena.
Alquimia
Nos séculos seguintes à sua morte, muitas histórias apareceram retratando Alberto como alquimista e mago. Sobre a alquimia e a química, muitos tratados tem sido atribuídos a ele, embora em seus tratados autênticos ele tenha escrito pouco sobre o tema e, ainda assim, comentando sobre Aristóteles.
Por exemplo, em seu comentário "De Mineralibus", Alberto faz referência ao "poder das pedras", mas não elabora sobre o que seria isto.
Uma ampla gama de obras alquímicas pseudo-albertinas existem para confirmar a crença que se desenvolveu de ele teria sido um mestre da alquimia, uma das ciências fundamentais da Idade Média.
Entre elas estão "Metais e Materiais", "Segredos da Química", "Origem dos Metais", "Origem dos Compostos", uma "Concordância", uma coleção de observações sobre a pedra filosofal, "Theatrum Chemicum", também uma coleção de tópicos alquímicos.
Credita-se a ele a descoberta do arsênico e diversos experimentos com substâncias químicas fotossensíveis, incluindo o nitrato de prata. Porém, há pouquíssimas evidências de que ele teria realizado qualquer experimento pessoalmente.
As lendas contam ainda que Alberto Magno teria descoberto a pedra filosofal e a passou para seu pupilo, Tomás de Aquino, pouco antes de ele morrer.
Alberto não confirma a descoberta em suas obras, mas ele relata ter testemunhado a criação de ouro por "transmutação".
Credita-se ainda a Alberto a criação de um autômato mecânico na forma de uma cabeça de latão que seria capaz de responder perguntas, um feito que também foi atribuído a Roger Bacon.
Astrologia
Alberto tinha um profundo interesse em astrologia, como demonstram estudos como o de Paola Zambelli. Por toda a Idade Média — e por muitos séculos depois dela — a astrologia era amplamente aceita por cientistas e intelectuais que defendiam uma visão de que a vida na terra era efetivamente um microcosmo inserido num macrocosmo (este último, o próprio cosmos).
Acreditava-se que existia uma correspondência entre ambos e que, por isso, corpos celestes seguiam padrões e ciclos similares aos que se observavam na terra.
Por isso, imaginava-se ser razoável afirmar que a astrologia poderia ser utilizada para prever um futuro provável das pessoas.
Alberto fez disso um componente central de seus sistema filosófico, argumentando que uma compreensão das influências celestes que nos afetam poderia nos ajudar a viver nossas vidas mais em acordo com os preceitos cristãos.
A afirmação mais completa de sua crença astrológica pode ser encontrada numa obra que ele escreveu em 1260, conhecida como "Speculum Astronomiae". Porém, detalhes e partes destas crenças podem ser encontrados em quase todas as suas obras, desde a primeira, a "Summa De Bono", até sua última, a "Summa Theologiae".
Música
Alberto é também conhecido por seu brilhante comentário sobre as práticas musicais de sua época, sendo que a maior parte de suas observações estão no seu comentário sobre as "Poéticas" de Aristóteles.
Ele rejeitava a ideia da "música das esferas" como ridícula: o movimento dos corpos celestes seria incapaz, supunha ele, de gerar som.
Escreveu bastante também sobre as proporções na música e sobre os três diferentes níveis subjetivos no qual o cantochão pode operar na alma humana: purgação dos impuros; iluminação que leva à contemplação; e nutrir o aperfeiçoamento através da contemplação.
De particular interesse para os teoristas da música modernos é a atenção que ele prestava ao silêncio como parte integral da música.