João Duns Escoto
Ou Scot ou Scotus O.F.M.
Nasceu em Maxton, condado de Roxburgh na Escócia (ou Ulster) em 1266. Viveu muitos anos em Paris, em cuja universidade lecionou, e morreu em Colônia no ano de 1308.
Membro da Ordem Franciscana, filósofo e teólogo da tradição escolástica, chamado o Doutor Sutil, foi mentor de outro grande nome da filosofia medieval: William de Ockham. Foi beatificado em 20 de Março de 1993, durante o pontificado do Papa João Paulo II.
Formado no ambiente acadêmico da Universidade de Oxford, onde ainda pairava a aura de Robert Grosseteste e Roger Bacon, posicionou-se contrário a São Tomás de Aquino no enfoque da relação entre a razão e a fé.
Seu pensamento é agostiniano, mas de forma menos extremada que São Boaventura ou, mesmo, Matheus de Aquasparta; as diferenças entre ele e São Tomás de Aquino, como as dos outros, provem de uma mistura maior de platonismo (derivado de Santo Agostinho) em sua filosofia.
Para Scotus, as verdades da fé não poderiam ser compreendidas pela razão. A filosofia, assim, deveria deixar de ser uma serva da teologia, como vinha ocorrendo ao longo de toda a Idade Média e adquirir autonomia.
Filósofo e teólogo escolástico inglês, Johannes Duns Scotus nasceu em 1266, em Maxion, condado de Rosburgh, na Escócia, e morreu em Colônia, na Alemanha, em 1308. Aos 15 anos ingressou na Ordem dos Franciscanos. Primeiro, estudou na Escócia, passando depois à Universidade de Oxford, na Inglaterra, e, posteriormente, a Paris, na França.
Em 1300 ensinou Teologia em Oxford - e em 1305 doutorou-se em Teologia na França. Em 1307 mudou-se para Colônia, morrendo aí prematuramente, aos 43 anos. Foi um severo crítico de são Tomás de Aquino e de Enrique de Gante (professor da Universidade de Paris entre 1274 e 1290).
Conhecido como "O Doutor Sutil", Duns Scotus acentua a separação entre fé e razão, sustentando que o objeto da teologia é Deus enquanto tal, e o da metafísica, o ser enquanto ser.
A metafísica não pode conhecer Deus como Deus, mas apenas como ser, o qual não é uma forma vazia, mas realidade que inclui certas propriedades, como os modos, que são determinações intrínsecas possíveis, cujos primeiros tipos são "finito" e "infinito".
Ora, para o filósofo, provar a existência de Deus como ser é provar a existência do infinito. Duns Scotus dá uma nova cor ao argumento ontológico de santo Anselmo , e admite a prova "a posteriori" da existência de Deus, partindo, porém, não dos objetos sensíveis, mas das modalidades do ser.
Abismo de liberdade Na opinião do Doutor Sutil, Deus é Ser infinito e necessário, capaz de suscitar o possível - ou seja, os seres contingentes - por um ato de sua liberdade. A vontade divina é livre e seus efeitos são contingentes - não é arbitrária, mas livre mesmo em relação aos conhecimentos de seu entendimento.
Deus cria porque quer e somente porque quer. A vontade de Deus é soberana na escolha e combinação das essências, e não está submetida a regra alguma. A liberdade de Deus não depende do ser, mas é o ser que depende da liberdade de Deus.
No que se refere ao "universal" (um dos conceitos mais debatidos da história da filosofia), Duns Scotus admite três tipos de distinção: a real (entre a pedra e a planta, por exemplo), a formal (que, no objeto, distingue vários aspectos, e pode ser efetiva ou nominal); e a "parte rei", também chamada "haecceitas" (que consiste em ser "haec res", isto é, "esta coisa e não outra".
Assim, cada homem, além da essência humana, contém suas próprias qualidades ou peculiaridades. Essas teses, em relação ao problema dos universais, prenunciam o nominalismo de Guilherme de Ockam.
Procurando libertar Deus da ideia de "necessidade", Duns Scotus o concebe como pura e absoluta liberdade, acima de qualquer razão ou lei, e ininteligível pelo pensamento filosófico, pois a filosofia - enquanto tentativa de compreender a realidade, a vida - se baseia na necessidade da relação entre princípios e conseqüências, causas e efeitos.
Para Scotus, se Deus não é "logos", como o homem, mas abismo de liberdade, então não pode ser conhecido pelo "logos" humano. O papa Paulo VI, na carta apostólica "Alma Parens", de 14 de Julho de 1966, define Johannes Duns Scotus como "o aperfeiçoador" de são Boaventura , "o representante mais qualificado" da escola franciscana .
Obra filosófica
Suas principais obras são o Opus Oxioniense (Obra de Oxford), Quaestiones de Metaphysica (Questões de Metafísica) e De Primo Princípio (Do Primeiro Princípio).
Um dos grandes contributos de Scotus para a história da filosofia, afirmam os historiadores, está no conceito de hecceidade(haecceitas). Por esta teoria, valoriza a experiência, e distancia a preocupação exclusivista da filosofia com as essências universais e trancendentes.
Em sua "Prova da Univocidade do Ser", Scotus propõe um encadeamento argumentativo para mostrar que, como seres criados, não podemos ter certeza sobre características conceituais que imputamos a Deus, mas podemos ter certeza de que Ele existe.