Guilherme de Ockham
Em inglês William of Ockham
(Existem várias grafias para o nome deste franciscano: Ockham, Ockham, Occam, Auquam, Hotham e inclusive, Olram).
(Ockham, 1285 — Munique, 9 de abril de 1347)
Foi um frade franciscano, filósofo, lógico e teólogo escolástico inglês, considerado como o representante mais eminente da escola nominalista, principal corrente oriunda do pensamento de Roscelino de Compiègne (1050-1120).
Guilherme de Ockham, conhecido como o « doutor invencível » (Doctor Invincibilis) e o « iniciador venerável » (Venerabilis Inceptor), nasceu na vila de Ockham, nos arredores de Londres, na Inglaterra, em 1285, e dedicou seus últimos anos ao estudo e à meditação num convento de Munique, onde morreu em 9 de abril de 1347, vítima da peste negra.
Para Ockham a fé não pode fazer conhecer de maneira clara e inequívoca as suas verdades. A fé não pode apresentar argumentos que possam ser demonstrados. A verdade manifesta por Deus não pertence ao mundo racional.
A filosofia não pode se submeter à teologia porque a teologia não é uma ciência, mas uma série de afirmações e sentenças que não se relacionam lógica e racionalmente. O que une as afirmações da teologia é a fé e não a razão.
A razão também não pode proporcionar assistência e apoio para a fé, pois para as coisas divinas a razão é ineficaz.
Somente a fé consegue esclarecer assuntos da revelação divina. O entendimento da revelação divina vai além da capacidade humana e portanto não é racionalmente compreensível. A razão humana trabalha em um território diverso do território da fé.
O mundo para Ockham é a soma das diversas partes que acabam fazendo o todo, mas essas partes não tem entre si uma ligação ou uma ordenação necessária. Essas diversas partes individuais são o objeto da ciência. O universo é composto por um conjunto de elementos divididos, isolados e eventuais.
A prioridade que o autor dá ao indivíduo faz com que também tenha prioridade a experiência e é nela que ele coloca a base do conhecimento, que pode ser intuitivo ou abstrativo.
O conhecimento intuitivo é que vai demonstrar se algo existe concretamente. A compreensão intuitiva da realidade do mundo é o que origina todos os outros entendimentos que o conhecimento nos possibilita, é nele que inicia todo conhecimento experimental.
No conhecimento intuitivo não existem intermediários entre o objeto conhecido e o indivíduo que vai conhecer esse objeto.
O conhecimento abstrativo é a totalização, a soma dos diversos conhecimentos intuitivos individuais e não necessita para sua formulação da existência concreta do objeto do conhecimento.
"Não devemos multiplicar os entes se não for necessário" é a frase de Ockham que resume o que mais tarde ficou conhecida como sendo A Navalha de Ockham. Como cada indivíduo é único, única também é a sua capacidade intelectual, não existe um universal para o conhecimento. Fazer abstrações sobre a essência de diversos entes é algo supérfluo e inútil. O conhecimento baseia-se no mundo empírico e individual.
A Navalha de Ockham exclui do conhecimento possível o conhecimento metafísico. Somente podemos conhecer o que podemos experimentar.
Em outros termos a Navalha de Ockham diz que entre duas teorias que explicam o mesmo fenômeno devemos escolher sempre a mais simples. No caso de Ockham a explicação mais simples é a mostrada pela experiência.
Guilherme, após se desinteressar pela pesquisa dos problemas metafísicos, conduz sua atenção para os assuntos da natureza, pois essa é o objeto direto das experiências sensíveis. A natureza é o território do conhecimento humano, é para o mundo físico que os homens devem orientar sua atenção e direcionar suas pesquisas.
Einstein e as simplificações
Provavelmente, quando escreveu que as teorias devem ser tão simples quanto possível, mas nem sempre devemos escolher as mais simples, Albert Einstein estava se referindo ao princípio de Occam em sua Teoria da Relatividade, pois sabia que as hipóteses testadas muitas vezes caíam em contradições, apesar do resultado ser aparentemente perfeitas.
Daí pode ter sido a utilização do princípio de Occam em alguns pontos considerados contraditórios em seu postulado, pois em matemática, às vezes verdades claras à luz das deduções tornam-se contraditórias ao passar para a linguagem coloquial.