Cristina de Pisano
(em francês Christine de Pizan ou Christine de Pisan, Veneza, 11 de setembro de 1363 — Poissy, c. 1430)
Foi uma poetisa e filósofa italiana que viveu na França durante primeira metade do século XV. Ela era conhecida por criticar a misoginia presente no meio literário da época, predominantemente masculino, e defender o papel vital das mulheres na sociedade. Foi a primeira mulher francesa de letras a viver do seu trabalho.
Vida
O seu pai, Tommaso di Benvenuto Pisano, médico e astrólogo, era também conselheiro da República de Veneza. Em 1368, Carlos V, rei de França, nomeou-o astrólogo, alquimista e físico da corte.
Cristina foi educada num ambiente favorável aos seus interesses intelectuais - aprendendo várias línguas, lendo os redescobertos clássicos e os inúmeros manuscritos do arquivo real, tudo dentro do espírito humanista do início do Renascimento.
Em 1379, com 15 anos, casa-se com Etiénne du Castel, secretário e notário real. Desta união resultam três filhos: uma menina (que a partir de 1397 passa a viver no mosteiro de Poissy, como companheira da filha do rei Carlos VI de França, Marie de Valois), um rapaz, chamado de Jean, e uma criança que morreu na infância.
A morte do marido em 1390, deixa Cristina numa delicada situação financeira, devido às dívidas contraídas por ele.
Decide, então, dedicar-se às letras, numa tentativa de se sustentar a si e aos filhos. As suas primeiras baladas, compiladas em Le livre de cent balladés, chamam a atenção da corte e de alguns ricos mecenas, como João de Berry e o Duque de Orléans.
No entanto, é a disputa com Jean de Meung sobre o seu poema Roman de la Rose ("Romance da Rosa") que estabelece o seu estatuto como escritora.
O Roman de la Rose era um dos livros mais populares na França e no resto da Europa no século XIII; representava as mulheres como nada mais que sedutoras, numa mordaz sátira às convenções do amor cortês.
Cristina, nos seus poemas Epistre au dieu d'Amours ("Epístola ao Deus e Dit de la Rose (publicados em 1401 e 1402), pôs em causa o mérito literário do poema, criticando os termos vulgares usados para descrever as mulheres, objectando que tal linguagem não era usada por damas nobres e servia apenas para denegrir a função natural e própria da sexualidade feminina.
O debate foi extenso, e, devido à participação da escritora, centrado na representação e tratamento das mulheres nos textos literários, ao invés de no talento literário de Meung.
Estabeleceu-se assim a reputação de Christine como intelectual capaz de apoiar a sua causa, com argumentos lógicos e bem fundamentados.
A sua obstinação e coragem a colocaram junto
com os grandes pensadores da época,
como Jean de Gerson e Eustache Deschamps.
Nos seus restantes trabalhos, nunca deixou de defender a importância das mulheres, e das suas contribuições para a sociedade, e a necessidade de dar uma educação igual tanto a rapazes como a raparigas. Tentou ainda mostrar às mulheres como cultivar qualidades que as ajudem a lutar contra a crescente misoginia.
A sua última obra, Ditié de Jeanne d'Arc, foi escrita no mosteiro de Poissy, para onde se retirou no fim da vida. Nela, celebra o aparecimento de uma líder militar feminina, a também francesa Joana d'Arc, que recompensa todos os esforços das mulheres na defesa do seu sexo.
Desconhece-se a data exata da sua morte. Ao contrário do que se poderia supôr, esta não ditou o seu esquecimento, pois o interesse pelos seus livros e ideias apenas aumentou.
Frases
"Aqueles que defendem sua causa na ausência de um adversário podem inventar o conteúdo de seu coração, podem pontificar sem levar em conta o ponto de vista oposto e manter os melhores argumentos para si mesmos, pois os agressores são sempre rápidos em atacar aqueles que não têm meios. de defesa. "
Der Sendbrief vom Liebesgott / A Carta do Deus do Amor
Nem todos os homens (e especialmente os mais sábios) compartilham a opinião de que é ruim para as mulheres serem educadas. Mas é bem verdade que muitos homens tolos alegaram isso porque desagradou-lhes que as mulheres soubessem mais do que eles. ” O Livro da Cidade das Senhoras